O experimento a seguir é do ramo da espectroscopia
da luz. Para entender o funcionamento desse instrumento, é necessária a
compreensão de alguns conceitos físicos de antemão.
O
primeiro deles, difração, o que é?
Difração é um fenômeno que ocorre com as ondas quando elas passam por um orifício ou
contornam um objeto cuja dimensão é da mesma ordem de grandeza que o seu comprimento de onda. Como este desvio na trajetória da onda, depende diretamente do comprimento de onda,
este fenômeno é usado para dividir, em seus componentes, ondas vindas de fontes
que produzem vários comprimentos de onda.
Para a luz visível, usa-se uma rede de difração, formada
por uma superfície refletiva ou transparente em que se marcam vários sulcos,
bem próximos uns dos outros. Exemplos destas redes e suas propriedades: quando
se olha um tecido de trama fina contra uma lâmpada distante, quando olhamos o
reflexo num CD ou
quando olhamos a Lua através
de uma nuvem, vemos faixas ou halos coloridos, devido à difração da luz por
pequenos obstáculos (a trama, os sulcos do CD ou as gotículas de água
na nuvem).
A difração,
como dito acima, está relacionada com a interação de uma onda com um obstáculo,
ou então quando encontra um orifício através do qual possa atravessar um
obstáculo.
A onda
então, ao contornar ou atravessar um obstáculo, toma diferentes caminhos
(diferentes trajetórias), cujos comprimentos totais podem variar.
O segundo conceito, dispersão,
o que é?
Dispersão na ótica é
o fenômeno que
causa a separação de uma onda em várias componentes espectrais com diferentes frequências.
Devido à dependência da velocidade da onda com sua frequência, ao se mudar
a densidade do
meio, ondas de diferentes frequências irão tomar diversos ângulos na refração.
Em
geral, o índice de refração é uma função da freqüência, ou alternativamente,
com respeito ao comprimento de onda. O comprimento de onda depende do índice de
refração do material de acordo com a fórmula. O efeito mais freqüentemente
visto da dispersão é a separação da luz branca no espectro de luz por um prisma.
Como
um prisma é mais denso que o ambiente, para cada freqüência há um ângulo de
refração diferente, como a cor branca é uma composição de todas as cores, ou a
sobreposição de várias ondas de diferentes frequências,
se dá a dispersão separando cada uma dessas frequências por um ângulo de
refração diferente.
No
nosso instrumento de trabalho, queríamos fazer algo simples que pudéssemos ver
esses efeitos da difração e da dispersão da luz.
Fazer uma fenda ou um instrumento de desvio é
simples, porém o prisma exige um pouco mais de trabalho. Para isso, no lugar do
prisma, utilizamos um CD. Mas, por que um CD?
Sabemos que o CD é uma rede de difração e esse
dispositivo ótico consiste em uma superfície com um grande número de ranhuras
muito estreitas e comprimidas umas nas outras. Por um processo que é descrito
nos livros-texto de Ótica, ao passar ou ser refletida por essas ranhuras, a luz
se dispersa em suas cores componentes.
As
trilhas do CD onde os sons estão codificados, são muito estreitas e
comprimidas, como as ranhuras da rede de difração. É exatamente por isso que o
CD apresenta cores tão vívidas quando reflete a luz em certos ângulos.
Podemos usar o CD para dispersar a luz proveniente de
diversas fontes e observar diferentes tipos de espectro. A fonte mais natural é
a luz solar, que se dispersa nas cores visíveis, as cores do arco-íris, no
entanto, normalmente utiliza-se a luz de uma lâmpada para a realização do
experimento.
Descrição do experimento.
A
construção desse experimento é muito fácil. Para realizá-la deve-se pegar um
tubo quadrado (prisma quadrangular) e em uma de suas bases fazer uma fenda como
na figura a seguir.
Figura 1: Fenda em uma das faces do prisma quadrangular |
Na
outra base, deve ser feita um orifício por onde se analisará o espectro da luz.
Nessa mesma base, um pedaço de lâmina de CD deve ser colocado na frente do
orifício para que ocorra a dispersão da luz.
Figura 2: Orifício na face oposta a fenda. |
Tudo
deve ser vedado utilizando uma fita Kraft. E somente a fenda e o pequeno
orifício ficarão abertos.
Figura 3: Tudo vedado. |
Depois de pronto aponte o tubo
para uma luz que passe exatamente pela fenda.
Figura 4: Pessoa usando o experimento. |
A imagem observada dentro do
tubo será parecida com essa:
Figura 5: Imagem observada no interior do tubo. |
Ali estão os espectros da luz!
E aquela luz lá no fundo é a fenda.
Bom, é isso.
Divirtam-se!
Postado por: Fábio Viudes.
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